Em um misto de comemoracao e preocupacao, a ONG SOS Mata Atlnticalan ou na quarta-feira, dia 21, no 8 Frum Mundial da gua, o relatrio Observando os Rios 2018, com a atualizacao dos dados de monitoramento da qualidade da gua ao longo dos 17 estados brasileiros. Com 3 500 voluntrios que fazem parte do projeto, foram feitas 1 939 anlises em 294 pontos de coleta, distribudos em 230 corpos d’gua em 102 municpios. Ao mesmo tempo em que os nmeros so alarmantes, h exemplos de rios que foram recuperados e ilustram cenrios de esperana quando boas prticas so adotadas.

 

No bioma, 75,5% dos pontos monitorados apresentam qualidade regular. 20,1% tm qualidade ruim, e 0,03%  pssima. Apenas 4,1% apresentou qualidade boa, e nenhum rio tem qualidade tima da gua.

 

O estado com maior percentual de pontos que apresentaram qualidade ruim da gua foi o Rio de Janeiro, com 50% nessa categoria, e os outros 50% estavam apenas regulares. Enquanto isso, Gois  o estado com maior percentual de pontos com qualidade boa, em 12,5%. Os outros 87,5% estavam regulares.

 

Durante o lanamento, Maria Luisa Ribeiro, que coordenou a pesquisa, destacou como o retrato das guas na Mata Atlntica tem que servir para um novo modelo de governana no pas. “O que os dados nos mostram  a incapacidade de lidar com as guas no pas. Os rios precisam ser tratados como sujeitos de direitos e receberem a protecao do governo”, afirmou.

 

Lder da Frente Parlamentar Ambientalista, o deputado federal Alessandro Molon (PSB), que participou do evento, reconheceu como o trabalho mostra o empenho de pessoas dedicadas a fazer a diferena no Brasil. “Os rios no vo nada bem e estamos distantes daquilo que a gente deseja, mas ainda  possvel mudar esse quadro. Contudo, enquanto estamos aqui, vendo o esforo dos voluntrios, ali ao lado, no Congresso, o Brasil est andando para trs”, afirmou.

 

Tecnologia

No mesmo dia, representantes de ONGs, universidades e das Naões Unidas apresentaram soluões simples de tecnologia para melhorar a gesto da gua em diferentes lugares do mundo.

 

A diviso da ndia da Estratgia Internacional das Naões Unidas para a Reducao de Desastres (UN/ISDR) mostrou o sistema Nano Ganesh, desenvolvido pela empresa Ossian Agro Automation, que permite que fazendeiros monitorem e controlem bombas de gua com celulares mesmo a alguns quilômetros de distncia, como nas suas casas. O projeto comeou a ser desenvolvido em 1996 e desde 2008 cerca de 5 000 fazendeiros contam com a tecnologia. “Parece uma inovacao simples, mas, para o trabalhador analfabeto, que s assina com o polegar, h uma economia de tempo enorme”, disse P. J. Philip, integrante da ISDR.

 

Pela ONG Akvo, Ethel Mndez apresentou a tecnologia de coleta e compartilhamento de dados para a gesto da gua. Na plataforma da Akvo, os usurios podem colaborar com vdeos, fotos e geolocalizacao. Com a base de informaões mais completa, a gesto fica mais integrada, com a colaboracao de toda a sociedade. “Com o tempo, percebemos que o problema no era ter mais gua disponvel para as populaões de locais vulnerveis. Era saber usar a gua da melhor maneira”, afirmou Mndez.

 

Fonte: Revista VEJA, Cincia.